quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um caso de amor

Bom,

existem inúmeros livros literários no mundo inteiro, e, destes inúmeros, a maioria coloca a temática do amor e da paixão como elemento central da narrativa e, por vezes, quando não aparece como elemento central, aparece como algo secundário mas de maneira importante para o desvendar de toda a trama. Enfim, esta temática parece ser central nos livros, penso que é central pois é central também na nossa vida.
Um escritor chamado João Guimarães Rosa, em seu livro Grande Sertão Veredas, conta a estória de um amor peculiar: um amor de um jagunço por outro. Com certeza que Guimarães Rosa era uma pessoa além de bastante criativa, um grande escritor, mas me impressiona como ele consegue colocar a temática do amor de uma forma tão impressionante quanto colocou o escritor colombiano Gabriel Garcia Marques em Amor nos Tempos do Cólera.
A estória parece ser bastante simples: a vida de um menino sertanejo que decide virar jagunço. Esta passagem de um personagem para outro se dá principalmente pelo seu reencontro com um colega de infância chamado Diadorim. Desde que se encontraram pela primeira vez, como as histórias de amor gostam de serem começadas, eles se apaixonam um pelo outro de uma maneira natural. Ao se reencontrarem quando adultos, Riobaldo, personagem principal da estória, decide entrar no mundo do sertão como jagunço principalmente para se aproximar mais de Diadorim. Seu amor ao longo da história parece ser algo inevitável e uma contradição da própria existência do personagem. Afinal de contas, jagunço não é cabra macho? como se apaixonar e amar por alguém do mesmo sexo? Mesmo assim, Riobaldo continua a marcha narrativa com desejos, vontades e uma grande amizade por Diadorim.
Bom, o desfecho para a grande estória de amor não poderia ter terminado de outra forma - Diadorim morre nos braços de Riobaldo conhecido já como Urutú Branco chefe dos jagunços. A morte transforma um amor impossível de ser concretizado em sua plenitude por um amor verdadeiro e incondicional quando Riobaldo, ao limpar o corpo de Diadorim, descobre que este sempre fora uma mulher.
Aquele rosto com traços tão belos descritos pelo autor ao longo do livro e aqueles lindos olhos verdes não são de um homem, mas sim de seu grande amor, o amor que descobriu quando criança e foi se realizar no universo do perigoso sertão.
O autor coloca a possibilidade do amor pleno pelos dois apenas com este destino inevitável: a morte. Depois da morte de Diadorim, Riobaldo consegue finalmente alcançar sua liberdade ao poder amar incondicionalmente, mas apenas em sua memória. A morte veio para tornar possível um amor impossível e conseguir colocar o personagem em paz, sem contradições ou atribulações, enfim, feliz.

2 comentários:

  1. Puta merda!
    Genial essa história.
    Mas vc acabou me contando o final!
    Fiquei atribulado. rsrs
    Valeu!

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  2. Rapaz!!!
    só Guimarãe Rosa mesmo! e eu fiquei aqui me perguntando, Diadorim era realmente lésbica? e Ribaldo homossexual?
    Massa o Blog! valeu!

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