quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Minha leitura de Demian - Herman Hesse
"Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo sabe..."

O livro não se trata de uma realidade vívida, se passa mais no campo da abstração.
Sinclair (pseudônimo de Hesse) tenta buscar a si mesmo, e tem conhecimento da dificuldade de percorrer tal caminho, pois é comum a todos os seres humanos tal dificuldade. Algumas pessoas sequer tentam, e vivem suas vidas de maneira ordinária, levados pela massa. A pessoa que busca a si mesma chegará à conclusão de que o céu e o inferno, o bom e o mau, são partes do nosso ser, e temos de respeitar isso.Estas pessoas foram marcadas pelo sinal de Caim, em tese, símbolo do mau, pois reconhecem o mau dentro delas e respeitam isso.
O auto-conhecimento assemelha-se a uma viagem astral. Se viemos todos da mesma unidade, ou seja, se todos éramos antes de vir a este mundo parte de um todo, quer dizer que somos parte deste todo, mas para chegar a este conhecimento, tem de se encontrar. Se o fizer, encontrarás quem és. Deus. Deus é Abraxas. A união entre o bom e o mau.

Demian pode ter surgido da palavra daemon, significa demônio.
Demian é um amigo que auxilia Sinclair a se encontrar, e sua mãe, chamada de Eva (somente para os íntimos) também assim o faz. Este amigo auxilia Sinclair a ver que o mundo sombrio, ao contrário daquele luminoso em que vive o personagem principal com sua família, é necessário para se auto encontrar.
O livro traz claramente a ideia de que Sinclair consegue se enxergar ao final como sendo Demian, ou seja, Demian seria uma parte de Sinclair.Mas quem seria Eva? Pela tese, seria o próprio Sinclair. Eva é a criação.

No final, Sinclair é salvo na guerra e é levado a um local, onde sabia que Demian estaria, como se fosse chamado (impulsionado) para ali estar.Demian se recorda do episódio em que salvou Sinclair de Frans Kolmer, logo quando criança (tema que sempre era evitado pelos dois) e depois de um beijo em sua boca a pedido de Eva, diz que tem de partir e que daquele momento em diante terá que viver a sua vida sem sua ajuda de maneira externa, mas tão somente em seu interior, pois ele estaria lá.Sinclair fica claramente triste.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A civilização do consumo

       Às vezes, no final da temporada de verão, quando os turistas iam embora de Calella, ouviam-se uivos vindos do morro. Eram os clamores dos cachorros amarrados nas árvores.
       Os turistas usavam os cachorros, para alívio da solidão, enquanto as férias duravam, e depois, na hora de partir, os cachorros eram amarrados morro acima, para que não seguissem os turistas que partiam.

       Livro dos Abraços, Eduardo Galeano.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sonho 23 de Junho - Prisão e amnésia


Admito ter me surpreendido ao ler este texto cuja escrita foi realizada a cinco meses atrás.
Refere-se a um sonho que tive. Realmente não me lembro dele, mas relembro a forte impressão que tive quando acordei e resolvi escrevê-lo. O título dado a ele aqui é o mesmo salvo em meus arquivos. 
Em homenagem a Vinicius Arena, pela gratidão de ter me ensinado a guardar este tipo de lembrança.


Sonho 23 de junho de 2010-06-23
Dia chuvoso pela manhã, acordei as 7 30 para levar meu pai ao portão para o trabalho, voltei à cama e durmi até 9:45. O sonho aconteceu neste período.
Estou com meus amigos, Higor e Leonardo, e quero sair de casa. Pego um carro que não possui rodas mas apenas um motor parecido com um liquitificador onde devo colocar água frequentemente para fazer andá-lo. Ao sair com ele, percebo que tem problemas, e paro, junto com meus dois amigos, numa rua perto de minha casa. Ambos prometem concertá-lo para continuarmos andando e com isso fico tranqüilo e resolvo fazer outra coisa. Depois de um tempo, eles resolvem ir embora e eu, pensando que tudo estava pronto, fico surpreendido ao ver que nenhum deles fez nada pelo carro, mas sim alguns projetos estranhos de física.
Empurro o suposto carro e entro numa oficina. Obtenho ajuda de dois senhores para concertá-lo, entretanto, requer alguma demora para eles me ajudarem a concertá-lo e digo que não é necessário, pois tenho prova na UFES logo depois e não gostaria de chegar tarde. Também gostaria de ver o jogo da copa do mundo depois da prova.
Ao sair do mecânico percebo que entro na rua errada, tento voltar, mas já não reconheço mais nenhuma rua e as pessoas que estão ao meu redor. Vou para um lado, e vejo um rio com uma correnteza bem forte e bem sujo. O rio fede como esgoto e é  utilizado como brincadeira por crianças. Vou para outro lado e vejo muita gente voltando, todos são negros. São mulheres e homens e todos andam com algum instrumento na mão, lembro-me das picaretas, além de trajarem vestes mui capengas.  
Pergunto para onde vai dar aquele caminho e eles dizem que vai dar numa pequena vila, pergunto-lhes se vai para Vitória, e eles afirmam que não. Vou atrás de uma mulher e peço por favor que me informe onde fica a via para Vitória. Ela acha meio esquisita a minha pergunta. Neste ponto da história vejo meu amigo Leonardo sair de um carro, conversar com um policial frente a um posto parecido com um presídio, entrar de volta no carro e ir embora. Tento gritar para ele me levar junto e me socorrer, mas sou impedido, de maneira psicológico-coercitiva, pelas pessoas que estão ao meu redor. Percebo que meu amigo olhou para mim mas não me reconheceu. Meus companheiros de sonho dizem já se passar 06 anos e eu ainda continuava não entendendo o que estava acontecendo. Fizeram olhar-me no espelho. Não vi quase nada de diferente, apenas o meu cabelo precisando um pouco de corte.
Minha amiga Bárbara Figueira entra na história, discuto com ela e ameaço bater nela, ela sai correndo e eu saio correndo atrás. Chamo-a de puta, ela resolve parar de correr e deixar-se bater. Derrubo-a no chão, dou um soco em sua cara, pessoas nos separam de algo pior.... e acordo.  

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fundamental é ser feliz

Você sabia,
que o direito ao crédito é avaliado por muitos como um direito fundamental, até mesmo considerado um direito humano?

Eu não sabia.

e você?

A burocracia

As vezes penso neste pequeno conto do Eduardo Galeano quando tenho de ir a algumas repartições públicas...


A burocracia/3
Sixto Martinez cumpriu serviço militar em um quartel de Sevilha.
No meio do pátio do quartel havia um banquinho. Junto ao banquinho, um soldado montava guarda. Ninguém sabia por que era necessário guardar o banquinho. A guarda se fazia porque se fazia, noite e dia, todas as noites, todos os dias, e de geração em geração os oficiais transmitiam a ordem e os soldados a obedeciam. Nunca ninguém duvidou, nunca ninguém perguntou. Se assim se fazia, e sempre se havia feito, por algum motivo seria.
E assim continuou a ser, até que alguém, não sei qual general ou coronel, quis saber a ordem original. Tiveram que revolver a fundo os arquivos. E depois de muito buscar, ficou-se sabendo. Havia trinta e três anos, dois meses e quatro dias, um oficial havia mandado montar guarda junto ao banquinho, que estava recém-pintado, para que não acontecesse de alguém sentar sobre a tinta fresca.
Eduardo Galeano, o Livro dos Abraços

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Viva a vida reciclada - ensaio sobre sustentabilidade


"Tudo o que você faz de positivo voltará para você" - Beba coca-cola.


Atenção, atenção: compre um óculos agora mesmo e ajude a salvar o planeta!

Compre o livro sustentável - o único sem papel algum. 

Recicle seu lixo, recicle suas idéias, recicle o mundo inteiro.

Nestlé lança seu programa Faz Bem Cuidar a fim de desenvolver a sustentabilidade no seu planeta.

Viva a vida reciclada (!).

Aracruz Celulose, pela terceira vez, ganha prêmio por promover a sustentabilidade e  responsabilidade social.

Não desperdice a água do planeta: deixe que nós desperdiçamos por você - propaganda da mesma empresa Aracruz Celulose.

Corra com a Nike, corra com seu mercedes, mas, por favor, nunca deixe de correr. 

Selo 14000 - exija das empresas este selo. Caso verifique o seu não uso, denuncie imediatamente para a polícia ambiental mais próxima. 

domingo, 26 de setembro de 2010

Conselho dos Velhos Sábios astecas

Agora que já olhas com teus olhos,
percebe.
Aqui, é assim: não há alegria,
não há felicidade.
Aqui na terra é o lugar de muito pranto,
o lugar onde se rende o fôlego
e onde bem se conhece
o abatimento e a amargura.
Um vento de pedra sopra e se abate
sobre nós.
A terra é lugar de alegria penosa,
de alegria que fere.

Mas ainda que assim fosse,
ainda que fosse verdade que só se sofre,
ainda que fossem assim as coisas na terra,
haverá que se estar sempre com medo?
haverá que se estar sempre tremendo?
haverá que se viver sempre chorando?

Para que não andemos sempre gemendo,
para que nunca nos sature a tristeza,
o Senhor Nosso nos deu
o riso, o sonho, os alimentos,
nossa força,
e finalmente
o ato de amor
que semeia gentes.

Retirado do livro Memórias do Fogo I, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.